As cavernas de aço, de Isaac Asimov – Review
📝 Dados da edição
- Título original: The Caves of Steel
- Autor: Isaac Asimov
- Coleção: Argonauta nº 37
- Editora: Livros do Brasil
- Ano de publicação (original): 1954
- Ano da edição lida: 1956
- Formato: capa mole
Publicado originalmente em 1954 e traduzido em Portugal na mítica coleção Argonauta (nº 37), As Cavernas de Aço é uma curiosa fusão entre o policial clássico e a ficção científica visionária. Com esta obra, Isaac Asimov inaugura um dos seus universos mais fascinantes: o dos robôs e da sua complexa relação com a humanidade.

Uma distopia claustrofóbica e atual
As Cavernas de Aço transporta-nos para uma Nova Iorque futurista e superpovoada, onde os seres humanos vivem enclausurados em megacidades subterrâneas – verdadeiras “cavernas” de betão e metal, de onde raramente saem. O contacto com o exterior é temido, e a vida tornou-se rigidamente organizada, quase maquinal. Nesta sociedade sufocante, a presença de robôs — criados para servir, mas odiados pela maioria — é uma fonte constante de tensão.
Um crime, um detetive… e um robô
A narrativa segue Elijah Baley, um detetive humano marcado pela desconfiança, que se vê forçado a colaborar com R. Daneel Olivaw, um robô com aparência humana, para resolver o assassinato de um cientista espacial. A dupla improvável mergulha num caso que expõe os receios, preconceitos e dilemas morais de uma sociedade à beira da transformação.
Este enredo mistura habilmente os elementos clássicos do romance policial — investigação, pistas, suspeitos — com a especulação científica que fez de Asimov um nome incontornável da ficção científica. O autor aproveita o mistério para explorar temas como a xenofobia, a resistência ao progresso, a identidade e até o livre-arbítrio.
A estreia dos robôs como personagens complexas
Embora os robôs já tivessem marcado presença na obra de Asimov (nomeadamente nas suas Leis da Robótica), esta é a primeira vez que um deles assume um papel central e… quase humano. R. Daneel Olivaw não é apenas uma ferramenta — é um espelho das nossas inseguranças. A forma como interage com Elijah Baley é o coração emocional do livro e antecipa discussões que continuam relevantes nas conversas modernas sobre inteligência artificial.
A edição Argonauta nº 37 – Um pedaço de história literária
A edição portuguesa de As Cavernas de Aço foi publicada pela Livros do Brasil, integrada na prestigiada coleção Argonauta. Com capa ilustrada (de estética retro que hoje se tornou icónica), este volume representa uma das primeiras introduções do público lusófono à ficção científica moderna. Para colecionadores e apaixonados pelo género, é uma verdadeira relíquia.
Veredicto final
As Cavernas de Aço é um livro essencial para qualquer leitor de ficção científica — uma obra que resiste ao tempo pela sua inteligência, ritmo e subtileza filosófica. Asimov combina o melhor da narrativa policial com uma reflexão profunda sobre o futuro da humanidade. Esta edição Argonauta, além do seu valor literário, é um testemunho de como o género encontrou eco em terras lusas.
Classificação: 9/10
Uma leitura envolvente, inteligente e surpreendentemente atual.