Embora tenhamos herdado o título de “Lusitanos”, na realidade esse povo permanece um mistério, até para os investigadores. Não se sabe, desde logo, se os lusitanos eram uma tribo celta, ou se a sua cultura era apenas influenciada pelos vizinhos celtas. Como os parcos vestígios escritos (contam-se pelos dedos das mãos!) datam já do período de ocupação romana, o mistério da antiga Lusitânia adensa-se. O pouco que sabemos deve-se aos testemunhos deixados por viajantes de origens distantes e são, por isso, algo parciais.
OILAM TREBOPALA
INDO PORCOM LAEBO
COMAIAM ICCONA LOIM
INNA OILAM USSEAM
TREBARUNE INDI TAUROM
IFADEM REUE
A Trebopala uma ovelha
e para Laebo um porco,
a Iccona Loiminna uma vaca,
Uma ovelha de um ano
para Trebaruna e touros
de cobrição para Reve
Esta inscrição, encontrada em Cabeço das Fráguas, é uma das poucas que os Lusitanos nos deixaram. Feita com carateres latinos, está datada do século II dC, já no período de ocupação romana. Os Lusitanos, porém, habitaram a região durante 1000 anos antes da chegada dos romanos. Desse período, não há uma palavra escrita.
Pegando, porém, nas ruínas das estruturas edificadas que chegaram aos nossos dias e nas palavras dos geógrafos da época, é possível idealizar um retrato desse antigo povo. Pondo à prova a minha capacidade descritiva, assim como a capacidade de interpretação do Midjourney, imaginei uma série de situações e de imagens que retratem a vida na Lusitânia há 2000 anos. É apenas um exercício de imaginação. A realidade, certamente, seria algo bem mais surpreendente. A minha modesta tentativa de lançar alguma luz sobre um povo que nos é tão próximo e, simultaneamente, tão distante.